28 de mar. de 2009

Folclore - Lendas - O Lobisomen Pescador


O LOBISOMEM PESCADOR

Michel Constantino Figueira (Turismólogo)
Giuliano Macuglia Oyarzabal (Turismólogo)

Certa vez um grupo de pescadores da Colônia Z3,saiu para a Lagoa dos Patos, como faziam diariamente, e a programação era passar um dia pescando parando para dormir na beira de um local conhecido como Lagoa Funda. Após deixar as redes na lagoa... Pedrinho, Geraldão, Rock e Luano, cujo apelido era demo... chegaram ao local previsto para passar à noite. Amarraram os barcos e foram montar as barracas, fazer alguma comida, arrumar as tralhas de pescaria e tudo mais. Como era noite de lua cheia, o clima já não era dos mais animados, sabe como é, noite de lua cheia, lobisomem, mulher de branco, essas coisas.

Iiiii!!! Lua cheia é sinal de lambisome, Pedrinho...
Óia Geraldão, eu trabaiei na Lagoa Funda toda vida e só ouvi o barulho das coruja e dos grilo até hoje. Te aqueta homi, tas com medo?
Não sei , não sei...que patarata existe existe...esse Luano ai mesmo, é conhecido como demo...não tem mais do que ser feio...o homi parece que tah sempre chupando limão...

Enquanto isso Rock fazia uma caipira de laranja, para esquentar, e procurava na caixa da bóia, algo para preparar o jantar...e todos jogavam conversa fora. Mas havia um deles que tinha o olhar perdido no céu noturno...olhando para a lua com um olhar perdido e um tanto apreensivo...
Luano, esse realmente era o nome dele...parece história de pescador...mas esse era o nome...muitos não o conheceram pessoalmente, mas dizem que era tão feio que se alguém encontrasse com ele à noite, a corrida de medo era certa. Diziam que o apelido dele era demo, por que o coitado era muito feio e estranho...fechado...de fala pouca...morava sozinho numa casinha na rua da praia na Z3...ninguém sabe da onde veio...uns diziam que era da Sarangonha, outros da Varzea ...outros do Norte, tinha láh seus 35 anos, era o que ele dizia...
O fato é que o tal era o sétimo filho de um casal que tinha até então seis filhos homens e ele era o primeiro filho homem. Dizem por lá pela Z3 que quando isso acontece o primeiro filho é lobisomem.
Rock: Seu Pedrinho, Geraldão...Demo...a bóia tah pronta. Vamo cume que as laranja acabaro...e não tem mais canha...
Enquanto isso Luano, vinha de cabeça baixa e sentou-se próximo à barraca comendo em silêncio, enquanto os outros olhavam-se com um ar desconfiado. Os homens sempre tiveram um certo pé atrás com Luano, diziam que ele era mesmo lobisomem, que ele tinha um jeito estranho, um sujeito de se desconfiar mesmo.
Seu Pedrinho: Bom guris vô durmi...depois tu apaga o liquinho Geraldão...Luano vai durmi homi...
Luano apenas consentiu com a cabeça e entrou na barraca ficando de olhos abertos por longo tempo...
Roque lavou a louça na beira da lagoa... e após deitou-se na barraca e adormeceu
Isso já era umas onze e meia da noite...quando Geraldão, o mais desconfiado dos pescadores...conseguiu adormecer depois de ficar longo tempo observando Luano...
Seria um silêncio total, se não fossem o barulho do vento nas árvores e das águas da Lagoa batendo contra o bote dos pescadores.
De repente...Luano sai correndo barraca à fora...em direção ao mato, gritando sem parar...desesperado...
Com a atitude do companheiro, os outros acordam-se e ficam apavorados com o acontecido...saindo atrás de Luano...
Geraldão: Ô demo, volta aqui homi...que isso, tais loco?
Luano: Fiquem aí !!! Não venham atrás de mim... me deixem em paz...tenho que faze uma coisa...me deixem em paz...
Rock observou que em seu relógio estava marcado Meia – noite e cinco minutos.
E lá se foi Luano mato à dentro como um louco fugindo do hospício...enquanto os outros reacenderam o liquinho e ficaram na barraca apreensivos e apavorados...
De repente os pescadores escutaram uma gritaria estranha que mais parecia cachorro brigando, uma mistura de gritos e uivos:
Aúúúúúúúúúu!!!! Grrrrrrrrrr!!! Roarrrrrrrrrrrrr!!!
Os cachorros “Bigode” e ”Camarão” que costumavam acompanhar os pescadores meteram-se barraca à dentro, apavorados, e quem dizia que os bichos sairiam da barraca o resto da noite?
Geraldão: Viu seu pedrinho?! Viu?! O bigode e o camarão tão cagado de medo...se os cachorro tão com medo...é lambisomi mesmo...eu já sabia..eu já sabia
Rock: Esse ai...eu sempre desonfiei também, mas nunca quis fala nada..o bicho é estranho
Seu pedrinho: Pois é!! Pois é!!!
Rock: O demo que se vire...
Os gritos e uivos acabaram e quando tudo parecia ter acabado eles notaram a presença de um cachorro grande e estranho ao redor da barraca..nunca haviam visto tal cachorro por aquelas bandas. Na tentativa de espanta-lo, Geraldão atirou-lhe uma pedra, que acabou acertando a cara do bicho...o qual fugiu em disparada...
Ninguém falou mais nada sobre aquilo... depois de um certo tempo, os pescadores foram dormir, pois estavam cansados e precisavam descansar, pois tinham que levantar-se às 4h da madrugada...para recolher as redes...e já era uma da manhã...
Eram 4h quando despertou o relógio de Rock, fazendo com que os outros dois também acordassem...
Seu Pedrinho, o primeiro a sair da barraca, encontrou Luano do lado de fora dormindo no chão, todo “lanhado”, e achou melhor não acordá-lo e nem mesmo indaga-lo sobre o que havia acontecido.
É melhor não mexer com quem tah quieto, pensou.
Os outros saíram da barraca e também tiveram a mesma atitude.
Após organizar todas as coisas...acabaram por acordar Luano.
Seu Pedrinho: Luano, oh Luano..acorda homi...temo que tira as rede...
Luano levantou-se devagar e caminhou mancando em direção ao bote...mas quando chegou no bote os outros pescadores puderam observar que ele tinha um corte profundo na testa e parecia não sentir dor.. todos se olharam novamente e seguiram em direção ao local onde haviam deixado as redes no dia anterior...Outra vez, ninguém disse uma só palavra até o retorno à Colônia Z3, onde venderam o peixe numa peixaria... e é claro Seu Pedrinho, Geraldão e Rock...sairam contando o que aconteceu pra todo mundo...pra todo mundo mesmo...
No dia seguinte Luano desapareceu...e nunca mais foi visto...e até hoje dizem que se lobisomem existe Luano era um...
Geraldão contando a história prum grupo de pescadores: Que lambisôme existe...existe ..e o demo era um...o bicho era feio...mah era feio...


Apoiadores - Rádio Comunitária Z3 FM


Patrocinadores - Peixaria Mais um Sonho


27 de mar. de 2009

Apoiadores - Curso de Bacharelado em Turismo - UFPel


O Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal de Pelotas é um grande apoiador técnico e logístico do projeto Ecomuseu da Colônia Z3. Professores e acadêmicos estão sempre dispostos a auxiliar-nos em atividades de pesquisa, exposições, entre outros.

Museu da Colônia de Pescadores Z3 - Banner Oficial


Criamos o subprojeto Museu da Colônia de Pescadores Z3, para que este seja um espaço pleno e puro de memória. Um espaço repleto de arquivos materiais que aproxime as pessoas de sua realidade identitária e que estimule a evocação das suas memórias mais profundas. Um lugar onde a história local será contada através de antigos instrumentos de pesca, fotografias, cartas, móveis, entre outros. Um espaço para navegar até o passado, viver o presente e enxergar um futuro melhor... para relembrar grandes acontecimentos locais e revivê-los de forma interativa. Os arquivos matérias do Museu da Colônia de Pescadores Z3 serão compostos dos mais diversos objetos, decididamente, escolhidos e expostos, segundo a visão dos moradores locais. Objetos que digam publicamente coisas que eles querem que sejam ditas. Objetos vivos e encharcados de memórias.

Religiosidade - Igrejinha Católica da "Galatéia"

A "Galatéia" é uma granja (vilarejo) de característica eminentemente agrícola no que tange, sobretudo, a produção de arroz, localizada no 2° Distrito de Pelotas, o Distrito da Colônia Z3.

Patrocinadores - Kiko Baterias


Banner - Oficial do Projeto Ecomuseu da Colônia Z3


O projeto Ecomuseu da Colônia Z3 foi desenvolvido segundo princípios e técnicas aplicados com as mesmas características que se aplicam a um museu temático, porém com face, também, de Unidade de Preservação Ambiental, onde se valoriza cultura e natureza de forma articulada, consciente e criativa.
O ecomuseu é um museu do território, um museu do espaço e da cultura interativa e viva, abordando todo o território de inserção do cotidiano histórico de uma comunidade em determinado lugar.
O Ecomuseu da Colônia Z3 abrange todo o 2° Distrito de Pelotas, conhecido como Colônia Z3. Abrange a Colônia de Pescadores Z3, o Ecocamping Municipal, a Ilha da Feitoria, a Granja da Galatéia, o “Cotovelo”, o Corrientes, a Mata do Totó, a Ilha do Meio, a Lagoa Pequena, entre muitos outros.
Este é um projeto de sugestão acadêmica, aprovado pela comunidade que participa desde o inicio do mesmo.
Temporariamente, são realizadas reuniões com a comunidade e com as instituições e empresas locais e externas, as quais participam teórica, técnica, logística e financeiramente do mesmo. Além disso, o projeto conta com a orientação de profissionais conceituados internacionalmente.

Lojinha - Camiseta exclusiva - R$ 16,00


26 de mar. de 2009

Lojinha - Mosaico - de Carolina Piccinini Silveira - Preço: R$ 50,00

Apoiadores - Museu de Arte Pré-Histórica de Mação / Portugal

O Museu de Arte Pré-Histórica de Mação, Distrito de Santarém, Portugal, é um grande apoiador do projeto Ecomuseu da Colônia Z3.
A equipe orientada pelo Professor Dr. Luiz Miguel Oosterbeek, Diretor do Museu nos apóia muito, e neste processo há um espaço para o diálogo técnico-metodológico no que tange a criação de espaços de memória na Colônia de Pescadores Z3 e em Mação.

Patrocinadores - Veterinária Minten



Avenida Domingos de Almeida, 1726, Bairro Areal, Pelotas

Culinária - Vídeo Arroz com camarão - por Roberto Passos

Música - Vídeo de "Casca" e Gonçalves - Olha ai

Música - Vídeo de "Casca" - tocando música própria: "Olha ai!"

25 de mar. de 2009

Laura Matheus - A Poesia de Uma Vida

A escritora, poetisa e contista Laura Matheus, de 71 anos, nasceu em Pelotas no dia 15 de março de 1937. Morou em Pelotas, na Ilha da Croa, em Rio Grande, e por fim veio para a Colônia Z3 na década de 1990.
De origem muito pobre, começou a estudar aos 8 anos, parando aos 9. E aproveitou o tempo que esteve na escola para escrever suas primeiras palavras em forma de arte. A principio, escondia suas obras: “Os de casa me chamavam de sonhadora. Então eu escondia, rasgava, botava fora”.
Até que sua sogra e seu sobrinho “mexeriqueiro” lhe ajudaram a preservar e mostrar suas poesias do livrão “Matusalém” para o mundo.
Sobre a paixão pela literatura diz que durante a adolescência por falta de lápis e papel, escrevia no ar para não esquecer das palavras bonitas que aprendia. E já naquele momento sonhava em escrever um livro: “Assim foi a minha vida: nesse escreve-escreve. Escrevia no chão, escrevia com carvão nas paredes...”
Suas poesias foram primeiramente publicadas no jornal Diário Popular, depois para o Jornal O Pescador, depois participou de uma coletânea literária. Escreveu para a Revista Caros Amigos e para um livro de contos, lançado pelo escritor Ferrez. Por fim, realizou seu sonho, publicando um livro contendo apenas contos seus: “Barbiele”.
Ela nos diz com orgulho: “A Z3 me inspira muito. A 1ª vez que eu andei por aqui, isto não era nada. Eu digo que ajudei nisso. Eu lancei a poesia, e aonde tem poesia, tem alegria”.

24 de mar. de 2009

"Casca" - A Alegria Musical da Colônia Z3

Alberto Mota, conhecido na Colônia Z3 como "Casca", 79 anos, nasceu em Pelotas no dia 29 de junho de 1929. É pescador, pedreiro, músico, inventor e... dançarino: "De dança eu fui muito bom. Tirei campeonato de tango".
O "Rei" do carnaval local veio para a Z3 na influência de safras de pescados: "Eu fui um dos maiores pescadores de bagre. Vinha para a Z3 só na safra... me apaixonei e ai não sai mais... Eu acho a Z3 um paraíso".
Como começou a tocar? "Foi só de brincadeira... brincar com uma turma. Eu sempre fui de carnaval".
Sobre o famosos banjo, nos diz: "Era um cavaquinho que eu usava, mas o instrumento é muito baixo, não dá. 'Vou arrumar um banjo'. Ai um colega meu comprou: o 'Zé Funchal'. Eu só usei a garganta e o acompanhamento. Foi o quanto chegou para a turma gostar".
Sobre sua primeira música "Olha ai", nos diz que fez para sua falecida esposa Maria Madalena Carranha".
Já sobre a famosa música Gabriela, ele explica: "Esta história começou com a novela Cravo e Canela".
E sobre "a cobra que fuma", construída por ele mesmo, nos diz: "Ela manda fumaça lá quem sabe aonde".